11 de fevereiro de 2015

NAMORAR À JANELA



"Ainda me lembro bem,
menina séria não saía,
em casa ao pé da mãe
Da janela o noivo via."
Contam os mais velhos que "antigamente é que era bom", que em tempos idos se namorava à janela e "com muito respeitinho". Pois parece que assim era. A janela devia ser uma espécie de lugar "fetiche", muito desejado pelos casais de outras épocas, pois que essa seria a única forma de mirarem o seu amor. Mudaram-se os tempos, e mudaram também as formas de demonstração de amor! São tantas e de todas as formas que a imaginação é o limite. Considerações à parte, porque hoje é aqui e agora e o Dia dos Namorados está mesmo aí, vou partilhar convosco um programa sugestivo para o Dia de São Valentim, o padroeiro dos enamorados: Que tal um dia inteirinho a namorar à janela? Não, eu não estou a dizer-vos para namorarem como na época dos vossos avós e ficarem de conversazinhas pendurados na janela! Sugiro apenas que escolham um percurso, que embarquem num comboio e que se deixem envolver pelas paisagens de cortar a respiração. Eu explico. 
A CP Comboios de Portugal tem ao dispor um programa para o Dia dos Namorados, a meu ver bem giro e diferente. A ideia é que optem por uma das 11 rotas ao dispor e com diversas temáticas - Cultura e Natureza, Festas e Romarias e Sabores e Gastronomia - e cujos preços variam entre os 35 € e os 100 €. Depois, claro, já no interior da carruagem podem namorar à janela enquanto se deleitam com os esplendor das paisagens que irão percorrer.
Para aguçar a vossa curiosidade posso fazer aqui referência a alguns dos percursos disponíveis e que me pareceram mais atractivos. Se a escolha recair sobre o "Comboio Histórico do Douro", podem estar certos que vão recuar no tempo, num comboio centenário ao longo do Rio Douro, percorrendo a distância que vai da Régua ao Tua, e desfrutando de uma das mais belas paisagens de Portugal, classificada pela UNESCO como Património da Humanidade.




Outra das rotas que vos sugiro é a "Rota das Amendoeiras". Não duvido de que seja uma das mais belas paisagens deste país. A primavera ainda não deu sequer um ar de sua graça, mas as amendoeiras já começaram a florescer, e os vales, despidos pelo Inverno, adquirem uma nova roupagem em tons de branco e rosa.



Quem preferir visitas mais culturais, encontra várias rotas no programa da CP. Como conheço bem Tomar e considero uma cidade que vale a pena descobrir, aconselho que apanhem o comboio que faz a "Rota de Tomar". Na cidade do Rio Nabão, podem desvendar alguns dos segredos dos Templários, visitando o Convento de Cristo, Património Mundial da UNESCO desde 1984, ou calcorrear as ruas do centro histórico de uma cidade que ainda preserva a sua arquitectura medieval.



Para quem gostou da sugestão e queira saber mais sobre as restantes 8 rotas, basta aceder ao site da CP Comboios de Portugal. Também encontram todas as informações relativas a preços e formas de reserva. Independentemente da forma como irão passar o Dia dos Namorados, o mais importante é que o aproveitam ao máximo, para que seja verdadeiramente memorável.



FORÇAS DA NATUREZA

"(...)não há fantasmas nem almas, e o mar imenso solitário e antigo, 
parece bater palmas."
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Antologia MAR


"(...) eram os caminhos num ir lento, eram as mãos profundas do vento(...) era a verdade e força do mar largo (...) das praias onde a direito o vento corre."
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Antologia MAR

Fotos via: arte dos paus


7 de fevereiro de 2015

INSPIRAÇÃO - UMA VOZ DE OUTRO MUNDO

BENJAMIN CLEMENTINE 

"For those who hate me, the more you hate me, the more you help me...for those who love me, the more you love me, the more you hurt me". 


Benjamin Clementine, no tema: "I Won´t Complain".


Descobri recentemente, enquanto vagueava pelas páginas do jornal Público, a discografia de Benjamin Clementine, que me deixou fascinada. Um homem carismático, com uma presença e magnetismo marcante, Benjamin Clementine canta descalço e é dono de uma voz majestosa, imponente, à qual é impossível ficar indiferente.



Inspira-me a sua voz, a melodia que ele arranca das teclas do seu piano, ora agressivamente, ora suavemente. Inspiram-me as letras que ele próprio escreve e que lhe saltam da alma...as suas canções falam de solidão, da sua própria solidão. Salvo pela música, como diz, é ele que nos salva agora presenteando-nos com canções que não são deste mundo, canções intemporais...até porque Benjamin Clementine "não respira o ar dos tempos, cria o seu tempo".



A ARTE QUE VEM DO MAR...E DOS "PAUS"


“Os paus são obras de arte na praia, o mar e a areia já fizeram todo um grande trabalho de escultura e a sua expressão máxima é quando eles estão assim expostos neste grande banho de luz. Depois é só abaixar-se, agarrar, apreciar, admirar e carregar. Fazer peças com eles é simplesmente interpretar e isso dá um gozo tão grande!” 
Quem o diz é Sylviane Lehuby que encontra inspiração nos troncos apodrecidos de tanto vaguearem nas salgadas águas, nos seixos, conchas, cascas de moluscos, pedaços de madeira, restos de artefactos abandonados pelos pescadores à mercê das marés, enfim coisas que o mar esculpe e depois expulsa, e que a areia guarda, para fazer nascer das suas mãos as mais belas peças de arte. 



Sylviane Lehuby, a artista de que vos falo, há já 30 anos que escolheu Portugal para viver, em parte motivada por amor a um português que a atraiu até às “redes” da Nazaré, onde permanece “presa” até hoje. “A maneira de viver dos portugueses, a sua liberdade”, diz Sylviane, foi outro dos aspectos que a fizeram deixar Paris e abraçar a vida neste país, a mítica praia da Nazaré e as suas gentes. Aqui deu forma ao seu talento criativo, que sempre sentiu dentro de si e que ao longo dos anos tem vindo a aperfeiçoar. 
O seu trabalho é apreciado por pessoas de norte a sul do país, mas também pelos turistas estrangeiros que ao visitarem a Nazaré não ficam indiferentes às peças expostas na sua loja. “Tenho encomendas provenientes dos quatro cantos do mundo, desde Alemanha até à India”, conta Sylviane, uma loira de olhos vivos, cuja fisionomia não disfarça a suas origens francesas, e cuja idade não consigo definir. Deve ter uma certa idade – como se costuma dizer quando se ultrapassam os 50 - mas só transpira jovialidade. E isso reflecte-se nas suas obras!


Sempre que vou à pitoresca Nazaré, a Casa Alcoa/Artesanato é visita obrigatória. E faço-o há mais de 20 anos, desde que enquanto muito jovem aquela praia passou a ser local de férias em família! É mais que uma loja de artesanato...para mim é como entrar num mundo encantado que só existe no fundo do mar ou no bem escondido no nosso imaginário. Ora vejam.


























A Casa Alcoa/Artesanto situa-se na Praça Sousa Oliveira, junto da famosa e animada "praça das esplanadas", bem no centro da vila e a um passo da praia. Não esperem pelo Verão. A Nazaré é enigmática também no Inverno. Vão até lá ver as ondas gigantes e não dispensem uma visita a esta loja onde a Arte é rainha.