8 de março de 2014

DIA 8 COM 8 MULHERES QUE ADMIRO

Como todos sabem, hoje é o Dia Mundial da Mulher. Para assinalar esta data, escolhi oito mulheres portuguesas que se destacaram na sociedade portuguesa no século XX, e algumas que continuam a marcar a actualidade, nas áreas da Música, do Teatro e da Representação, da Literatura, da Politica e da Moda. São mulheres que deram o seu contributo para a divulgação do nome de Portugal além fronteira e que «enriquecem» o nosso país. Uma referência para mim enquanto mulher.



AMÁLIA RODRIGUES


Amália Rodrigues é uma figura incontornável da história do Fado. Cantou como ninguém a "alma lusitana", encantou gerações e a sua voz inconfundível continua, ainda hoje, a maravilhar muitos públicos. Amália Rodrigues, encheu as maiores e mais enigmáticas salas de espectáculo do mundo, marcou para a eternidade o panorama musical português. 

Não obstante das interpretações que fez de magníficos poemas criados propositadamente para ela, Amália foi também autora de poemas que viria também a cantar. 

"Tinha uma louca esperança
 Tinha fé no meu destino
 Tinha sonhos de criança
 Tinha um mundo pequenino".

Excerto do poema "Gostava de Ser quem Era", de Amália Rodrigues.



MARIA DE LURDES PINTASILGO


Foi a única mulher a desempenhar o cargo de primeira-ministra em Portugal. Chefiou o V Governo Constitucional, entre Julho de 1979 e Janeiro de 1981. Uma proeza conseguida nos tempos conturbados do pós- 25 de Abril, num país que era então vincadamente machista. Nasceu na cidade ribatejana de Abrantes em 1930, foi engenheira química, dirigente eclesial e politica. Considerada como uma mulher extremamente inteligente e culta, foi também escritora, tendo deixado uma obra vastíssima.

"Não estou nada, mas mesmo nada interessada em que as mulheres façam aquilo que os homens fizeram durante séculos, milénios. O que me interessa é descobrir como as mulheres podem dar, de maneira original, uma contribuição para que vivamos uma História de dimensão humana e de dimensão global".

in "As palavras dadas", Maria de Lurdes Pintasilgo.



NATÁLIA CORREIA


Natália Correia nasceu a 13 de Setembro de 1923, na Ilha de S. Miguel, Açores e morreu em Lisboa na madrugada de 16 de Março de 1993. É autora de uma obra extensa e multifacetada, que integra a poesia, a obra de ficção, o teatro, e o ensaio. Tomou posições de grande coragem, quer antes, quer depois do 25 de Abril, o que lhe valeu ter sido eleita deputada para a Assembleia da República. 
Na base de toda a sua intervenção na causa pública, está a sua profunda aversão a qualquer tipo de totalitarismo. 

"(...)existe a seiva. Existe o instinto. 
E existe eu suspensa 
de mundos cintilantes, 
pelas veias metade fêmea, 
metade mar como as sereias". 

Excerto do poema "A exaltação da pele", Natália Correia. 



SIMONE DE OLIVEIRA


Quem não conhece esta mulher de espírito irreverente, que não deixa nada por dizer? ou quem não conhece a frase "quem faz um filho fá-lo por gosto", do tema "Desfolhada Portuguesa", cantado no Festival da Eurovisão em 1969? Simone de Oliveira nasceu em Lisboa, a 11 de Fevereiro de 1938, é cantora, actriz de teatro e televisão. Uma voz inconfundível, uma personalidade forte. Sempre rebelde e inconformista, continua a desafiar o «politicamente correcto» e a retirar dos momentos menos bons da vida um ensinamento positivo.

"Portanto, eu gosto é de pessoas. Eu não gosto dos cargos, nem dos títulos. Fundamentalmente, eu gosto de pessoas. 
E, felizmente, conheço muitas pessoas que valem a pena". Simone de Oliveira. 



EUNICE MUÑOZ


Actriz portuguesa de teatro, cinema e televisão, nascida a 30 de Julho de 1928, em Amareleja no Alentejo. Filha de actores amadores, aos cinco anos já pisava os palcos em diversas tournées familiares com a companhia Mimi Muñoz. A sua posição de destaque no meio artístico português levou a que fosse por várias vezes alvo de inúmeras homenagens. 

"Pessoalmente nunca fui muito ambiciosa. Com os personagens sim, sou. 
Eu considero a ambição um defeito, não uma qualidade." Eunice Muñoz



ANA SALAZAR


Nascida em Lisboa, onde continua a viver, iniciou a sua carreira na Moda na década de 70. Na época introduziu um conceito completamente novo na forma de vestir em Portugal. Desde então tem somado sucessos e também alguns infortúnios, dos quais tem tido sempre a capacidade de sair e renascer vitoriosa. É considerada pela imprensa nacional e internacional como a pioneira da Moda "made in Portugal". 

"Ainda me falta fazer tudo". Ana Salazar 



FLORBELA ESPANCA 


Florbela Espanca foi uma das maiores poetisas portuguesas de todos os tempos... comecei a lê-la aos quinze anos e sou, desde então, uma fã incondicional desta mulher que marcou pela diferença a época em que viveu. Não foi apenas mais uma mulher! Jamais receou os seus sentimentos e experimentou o amor como ninguém. Viveu apenas trinta e seis anos, mas a sua vida foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sentimentos íntimos que a autora sobre transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade. 

"(...)E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada,
que seja a minha noite uma alvorada,
que me saiba perder, pra me encontrar". 

Excerto do poema "Amar", Florbela Espanca



SOPHIA DE MELLO BREYNER





Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da literatura portuguesa, o Prémio Camões em 1999. O Mar é um dos conceitos - chave na sua criação literária. Talvez por isso eu tenha um fascínio enorme pela sua obra. O mar também exerce em mim um efeito de evasão, capaz de de revelar o mais profundo que há em mim... o efeito literário do mar enquanto motivo inspirador, é bem visível na obra de Sophia, como é o caso do poema que aqui partilho hoje. Fala da mulher e do mar! 

"Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor, mas pela vastidão da alma
e trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
como se a maré nunca as levasse
da praia onde foram felizes.
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tarde e calma..."

Sophia de Mello e Breyner






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